Albergue Noturno chega aos 71 anos e atinge 1 milhão de atendimentos

Criado em 1951, no auge das ferrovias, para acolher viajantes e abrigar famílias, o Albergue Noturno de Bauru – Casa e
Passagem completa em março 71 anos com muito vigor. Afinal, são mais de 1 milhão de atendimentos realizados desde a sua fundação.
O número, expressivo, mantém uma característica que o torna referência atendimento filantrópico em Bauru e no Brasil: o acolhimento com amor, carinho e respeito a cada história de vida por meio de uma equipe multiprofissional
e o auxílio de voluntários.
“Desde a sua fundação, o Albergue s e adaptou às mudanças de cada período da história. Ao longo dessa jornada, no entanto, nunca perdemos a essência e excelência do trabalho. Assim, além de oferecer pernoites a pessoas que necessitam do nosso aconchego, passamos a hospedar pessoas em recuperação de saúde, vícios, sem lar”, explica Fabiano Pavan Levorato, coordenador do Albergue Noturno de Bauru – Casa de Passagem. “Nasci em Marabá – MS, fui
registrado em Presidente Venceslau – SP e cresci em Santa Rita do Pontal. Com 10 anos, meus pais mudaram com a nossa família para Bauru em busca de emprego. Aqui na cidade, tive três relacionamentos. Num deles fiquei viúvo e em outro tive um filho, mas não tenho contato com ele.
No último relacionamento, comecei a beber muito e passar tempo na rua. Brigava, caía e me machucava. Em uma dessas vezes, acabei indo parar na UPA da Bela Vista e de lá, após a alta, minha cunhada me trouxe para o
Albergue Noturno. Fui encaminhado para o banho, porque vivia muito sujo, troquei de roupa… Fui muito
bem tratado desde o começo. Não esperava um lugar assim. Por conta disso, quem é atendido pelo Albergue
permanece na casa, caso assim o queira, até se recuperar e estar em condições de retornar à sua vida social.
O trabalho de ressocialização, aliás, se tornou nos últimos anos a principal atividade da casa, motivando a
mudança do nome para Albergue Noturno – Casa de Passagem. “São muitos os casos de sucesso junto a inúmeros
irmãos, não só irmã o s brasileiros, mas também de diversos cantos do mundo”, afirma Fabiano.
Diariamente, são oferecidas 50 va ga s de pernoite e realizados, em média, de 35 a 40 atendimentos de assistência
social, psicologia e terapia ocupacional. Atualmente, 25 pessoas recebem assistência integral da casa.
Parte desse atendimento conta com a ajuda de voluntários, outra marca da história do Albergue. O médico
Flávio Henrique Tavares Zanardi realizou atividade voluntária na casa durante sua adolescência, entre os anos de 1991 e 1992, e, até hoje, isso traz lembranças positivas.
“Como voluntário, ajudava na parte da triagem. Naquela época, já tinha em mente cursar medicina, e a atuação no
Albergue me permitiu conhecer pessoas nas mais diversas situações, de saúde, procurando emprego, o que foi
importante quando, depois, passei a atuar no Hospitalescola, onde normalmente atendemos pessoas mais
humildes. Como médico, a atuação no Albergue me proporcionou compreender melhor as dificuldades que as
pessoas passam, a valorizar mais o lado humano, ser mais paciente, e, como pessoa, a agradecer mais pelo que tenho.
Foi um período em que fiz muitas amizades, algo que o trabalho voluntário sempre proporciona, em razão dos laços
de fraternidade que nos unem.
Foi uma experiência muito marcante”, afirma Flávio.
O Albergue Noturno – Casa de Passagem fica na rua Inconfidência, 7-18. Mais informações podem ser obtidas
pelo telefone (14) 3222-4881.
‘Com o apoio do Albergue, eu consigo olhar para o futuro’, diz sul-mato-grossense Todos são muito bons comigo.
Sinto uma grande melhora desde que cheguei, porque sou bem tratado e recebo orientações para retomar a
minha vida. Estou fazendo um curso de elétrica e até pensando em construir uma casa. Com o apoio do Albergue, agora, eu consigo olhar para o futuro. Por isso, digo às pessoas, se você está precisando de ajuda, não tenha vergonha, procure o Albergue. Da minha parte, quando o atendimento terminar, só terei lembranças boas.
Todos com quem tenho contato estarão no meu coração.”
José Aparecido Santos,
58 anos.

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